terça-feira, 14 de setembro de 2010

EU, UM PERSONAGEM

Texto de Reinaldo Bui
A Bíblia está repleta de personagens e suas histórias. Alguns são mais conhecidos e outros menos. Alguns são considerados “grandes homens de Deus" que realizaram importantes obras e outros nem tanto. O que acho mais interessante é que a Bíblia não esconde o pecado de nenhum destes personagens. Mesmo os "grandes homens de Deus" tiveram seus deslizes, cometeram erros crassos, ou nitidamente falando, pecaram feio. São provas vivas de que Deus executa Sua Obra através de nós e apesar de nós mesmos. Por isto considero a Bíblia como um livro de testemunhos, mesmo porque acima de tudo, o próprio Deus não se deixou ficar sem testemunho.
Existe ainda uma esmagadora maioria de anônimos e desconhecidos que fazem parte desta história. Assim como eu e você, são personagens aparentemente sem importância que às vezes não tem nome, idade, família, caráter ou personalidade (quero dizer que nada disto foi registrado para que outros viessem a conhecer). É o povo, a massa. Cada um deles - e nós aqui, hoje - fazemos parte desta multidão invisível das batalhas, dos massacres, das misérias, da pobreza, das doenças, mas também dos escapes milagrosos, das procissões, das festas, das alegrias entre tantos outros relatos. Somos essa massa. Não precisamos ser necessariamente a massa burra, meros "assistidores" de big brother e comedores de comida enlatada. Mas estamos inseridos nesta massa. Deus aí nos colocou. Por quê? Que importância temos nós, meros desconhecidos, neste processo, no projeto de Deus, dentro do nosso contexto? Muita. Podemos não ser o personagem principal desta história. Aliás, este papel (reivindicado por alguns) é de Jesus. Talvez não sejamos nem o ator coadjuvante. Talvez você esteja inconformado em ser mero figurante, mas preste atenção nisto: não se trata de ser o destaque ou não, mas de fazer ou desprezar a vontade de Deus aonde Ele te colocou.
Se somos filhos de Deus, temos nosso nome escrito no Livro da Vida. Isto é o que importa. Se temos o nosso nome escrito neste Livro, é incoerente querer que nosso nome se projete como "O Nome" aqui na Terra. Se quisermos agradar a Deus, procuraremos exaltar o Seu nome, não o nosso. Se vivemos para ele, não é o meu eu que deve ser exaltado. Se exaltarmos o Seu Nome, Ele nos exaltará. Se buscarmos nossa glória aqui na terra, poderemos até alcançá-la, mas é tudo o que teremos.
O perigo de querermos nos projetar é grande, e pode ser percebidos em todos os nossos planos, aspirações, sonhos, intenções e atitudes de nossa curta estadia neste mundo. Eu disse pode ser percebido, mas muitas vezes não é.
Ruth Harms Calkin captou isto em sua vida e descreveu com graça e poesia este perigo: A necessidade de buscar reconhecimento humano. Eis um pecado que tenazmente nos assedia! Devemos ler este poema como uma oração pessoal:

Tu sabes, Senhor, como te sirvo
Com enorme fervor emocional
Quando estou debaixo de holofotes
Sabes como falo de ti ardentemente
Na reunião de Senhoras
Sabes com que entusiasmo promovo
Uma reunião de confraternização
Conheces meu sincero fervor
Em um grupo de estudo bíblico
Mas como será que reagiria
Se me apontasses uma bacia com água
E me pedisses para lavar os pés calosos
De uma velhinha enrugada, arqueada
Todos os dias
De todos os meses
Num lugar recluso onde ninguém visse
E ninguém soubesse do fato?

Diga, com toda a sinceridade: como você reagiria se Deus lhe apontasse esta incumbência?
Por que deste sentimento de resignação?
Existe em você algum desejo secreto de ser a "estrela do show"? Ou ao menos querer exaltar alguma qualidade para ser reconhecido ou apreciado, mesmo que dissimuladamente?
Se você quer ser reconhecido pelos homens, muito provavelmente conseguirá, mas é tudo o que vai ter.
Se quiser ser reconhecido por Deus, procure cultivar o pensamento de João Batista:
"Convém que Ele cresça e que eu diminua!". Jo 3.30

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