A primeira vez que a vi foi no começo do meu trabalho lá no HC. Ela tinha 2 anos e pouco. Uma criança linda. Foi a primeira vez que tive contato com um paciente que foi acometido pela Síndrome de Werdnig-Hoffman. Essa doença paralisa de forma progressiva e irreversível, a começar pelos membros, todos os músculos do corpo, menos os da face. Acomete crianças com até 2 anos, e chega ao ponto em que o paciente precisa até do auxílio de um respirador mecânico.
Nosso primeiro encontro foi na UTI-PEDIÁTRICA do HC-UNICAMP. Era uma visita para eu conhecer aquela unidade e ela estava lá, no seu berço. Olhos negros e grandes, ela me acompanhava com um olhar curioso e simpático. Me apaixonei na hora.
A mãe, que era de Indaiatuba, uma cidade aqui perto de Campinas, vinha vê-la toda segunda, quarta e sexta-feira. Ela não podia dormir com a filha no hospital porque tinha outros filhos, não lembro quantos, e vinha nos dias em que a Prefeitura oferecia o transporte. Eu ia vê-la todo dia.
A Deliane era muito vaidosa. Ela gostava de escolher a roupa que ia usar. A enfermeira antes do banho mostrava para ela os vestidinhos e, através de caretas ou sorrisos, ela determinava qual iria usar quando já estivesse cheirosinha.
Aí eu chegava. Com a ajuda de uma enfermeira, que me ajudava a lavar as mãos, forrava meu colo com uma fralda, pegava a Deliane e, com muito jeito por causa dos tubos aos quais ela ficava ligada, eu a pegava no colo. Brincava com ela. Cantava com ela. Ou simplesmente ficávamos nos olhando.
A mãe disse que ela me ouvia chegando; quando eu falava com alguém na entrada da Pediatria, ela virava os olhinhos na direção da porta e sorria. Eu a chamava de minha Princesa.
Uma noite, uma moça da limpeza encontrou a Deliane totalmente cianótica, roxa devido à falta de oxigênio. Houve uma falha do aparelho, que parou e não disparou o alarme. Os médicos tentaram reanimá-la, mas não adiantou, ela morreu.
Na tarde daquele dia eu percebi que todos me cumprimentavam e rapidamente se afastavam, ou mesmo me evitavam. Até que a minha amiga Rosângela, fisioterapeuta, me contou e explicou que as pessoas estavam sem coragem de me dar a má notícia. Foi a minha primeira perda significativa dentro daquele hospital. Confesso que naquele dia eu cheguei a pensar em largar aquele trabalho, mas Deus me ajudou a administrar minhas emoções e estou lá até hoje.
A curta vida da minha Princesa, apesar de limitada e sofrida, não foi em vão, de forma alguma. Ela foi a primeira a me ensinar a viver o verdadeiro amor, que é dar sem esperar nada em troca. “Amai (...), fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga (...).” (Lucas 6:35)
Não esperava, mas recebi muitíssimo amor, alegria e felicidade da Deliane.
Estou com muitas saudades dela.
Nosso primeiro encontro foi na UTI-PEDIÁTRICA do HC-UNICAMP. Era uma visita para eu conhecer aquela unidade e ela estava lá, no seu berço. Olhos negros e grandes, ela me acompanhava com um olhar curioso e simpático. Me apaixonei na hora.
A mãe, que era de Indaiatuba, uma cidade aqui perto de Campinas, vinha vê-la toda segunda, quarta e sexta-feira. Ela não podia dormir com a filha no hospital porque tinha outros filhos, não lembro quantos, e vinha nos dias em que a Prefeitura oferecia o transporte. Eu ia vê-la todo dia.
A Deliane era muito vaidosa. Ela gostava de escolher a roupa que ia usar. A enfermeira antes do banho mostrava para ela os vestidinhos e, através de caretas ou sorrisos, ela determinava qual iria usar quando já estivesse cheirosinha.
Aí eu chegava. Com a ajuda de uma enfermeira, que me ajudava a lavar as mãos, forrava meu colo com uma fralda, pegava a Deliane e, com muito jeito por causa dos tubos aos quais ela ficava ligada, eu a pegava no colo. Brincava com ela. Cantava com ela. Ou simplesmente ficávamos nos olhando.
A mãe disse que ela me ouvia chegando; quando eu falava com alguém na entrada da Pediatria, ela virava os olhinhos na direção da porta e sorria. Eu a chamava de minha Princesa.
Uma noite, uma moça da limpeza encontrou a Deliane totalmente cianótica, roxa devido à falta de oxigênio. Houve uma falha do aparelho, que parou e não disparou o alarme. Os médicos tentaram reanimá-la, mas não adiantou, ela morreu.
Na tarde daquele dia eu percebi que todos me cumprimentavam e rapidamente se afastavam, ou mesmo me evitavam. Até que a minha amiga Rosângela, fisioterapeuta, me contou e explicou que as pessoas estavam sem coragem de me dar a má notícia. Foi a minha primeira perda significativa dentro daquele hospital. Confesso que naquele dia eu cheguei a pensar em largar aquele trabalho, mas Deus me ajudou a administrar minhas emoções e estou lá até hoje.
A curta vida da minha Princesa, apesar de limitada e sofrida, não foi em vão, de forma alguma. Ela foi a primeira a me ensinar a viver o verdadeiro amor, que é dar sem esperar nada em troca. “Amai (...), fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga (...).” (Lucas 6:35)
Não esperava, mas recebi muitíssimo amor, alegria e felicidade da Deliane.
Estou com muitas saudades dela.
Olá, Chico
ResponderExcluirQuando eu leio o seu blog, logo me vem à mente as figuras de outros pastores que ficam dias inteiros defronte seus computadores, preparando aulas e não vão até onde estão os que sofrem, os que precisam de amparo, os que precisam de Deus.
Nem mesmo telefonam para membros de sua igreja que, muita vez, necessitam de um conforto espiritual, uma palavra amiga.
Você é um Pastor com P maiúsculo, pois dá seu intelecto, seu enorme amor, seu carinho e a palavra de Deus indo até quem precisa. E, quando defronte um computador, nos dá lição de vivência cristã, através desse seu blog. Deus lhe dê a devida coragem e vida longa para continuar sua impressionante vida de amor ao próximo!
JL
Lacerda, Cristo vivia no meio do povo.
ResponderExcluirUm abraço, Xyko.
PR. XYKO MOTTA, É COM MUITA SATISFAÇÃO QUE DEIXO ESTE COMENTÁRIO...
ResponderExcluirCADA VEZ QUE ESTUDO MAIS SOBRE CAPELANIA, ME TORNO MAIS APAIXONADA (APESAR DE AINDA NÃO TER EXPERIENCIAS PRATICAS...)
JÁ FIZ UM CURSO, COM UM LIDER CAPELAO, PROF. E COORDENADOR DE CAPELANIA HOSPITALAR DE SÃO PAULO. ESTOU A PROCURA DE GRUPOS AQUI EM MINHA CIDADE, INDAIATUBA, (SE SOUBER DE ALGO, POR FAVOR ME AVISAR, JÁ QUE VC É DE CAMPINAS E ESTAMOS NA MESMA REGIÃO, PODE SER QUE SAIBA DE ALGUM GRUPO AQUI EM INDAIATUBA).
QUE DEUS POSSA TE ABENÇOAR A CADA DIA MAIS, E TE DAR FORÇAS PARA CONTINUAR ESTA EMPREITADA, POIS SEI QUE NÃO É FACIL...MAS COM CRISTO SOMOS MAIS QUE VENCEDORES!
ASSIM QUE PUDER, ENTRE E COMENTE O MEU BLOG, SERÁ UM PRAZER RECEBE-LO...
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ABRAÇOS....MÁH OLIVER