terça-feira, 8 de setembro de 2009

AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA


Fazia mais ou menos uns 2 meses que meu pai havia morrido. A janela do meu quarto dava para a rua, bem no abrigo onde meu velho guardava o carro. Todo dia ele chegava e, sem sair do carro, entrando bem devagar empurrava o portãozinho de ferro com o para-choque do automóvel (“meu portão eletrônico”, ele dizia). Isso sempre por volta das 6 da tarde. Nesse dia, lendo no meu quarto, olhei para a garagem e, ao vê-la vazia, olhei para o relógio. Eram 6 e meia e, sem pensar, falei para mim mesmo, “O pai está demorando hoje”. Assim que disse isso me lembrei que jamais aquela cena de ele chegando em casa se repetiria. Foi aí, e só aí, que eu me conscientizei da sua morte.
De uma hora para a outra eu “tinha” autonomia e independência, coisa que sempre almejara. Só não tinha a maturidade para administrar esses tesouros.
“Chico, precisamos comprar as coisas para o almoço. Precisa mandar consertar o cano do tanque. Aqui estão as contas de água e luz. O dono da casa passou aí para ver como é que fica o aluguel. Toma mais umas contas. Como não tem dinheiro para comprar uma pizza? Aqui está a conta do encanador”. Num piscar de olhos eu me tornei o homem da casa.
No começo eu gastava mais do que ganhava. Pensava que era assim que se resolvia cada um dos problemas. Aquilo virou uma bola de neve. Já faz um bom tempo eu ouví de passagem, em um Shopping, o conselho de um homem para um grupo de pessoas: “Faz como eu faço, eu compro sem me preocupar. Depois eu penso como vou pagar”. E com isso eles entraram na loja.
Eu era assim! E não tinha paz.
Eu tinha uma certa renda, e isso podia me dar a independência que precisava. E também podia decidir os rumos que minha vida ia tomando, a curto, médio e longo prazo. Isso era a autonomia necessária. A maturidade veio com as experiências boas e más, mas principalmente dos conselhos de quem realmente gostava de mim.
O melhor conselho de todos foi: não tenha dívidas.
PARA REFLETIR:
“Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.” (Romanos 13:7-8)

4 comentários:

  1. Engraçado!
    Você falando me fez lembrar de mim. Há dez anos meu irmão casou e meus pais se separaram. Minha mãe ainda era independente. Ficamos nós duas na casa.E um belo dia, minha mãe falou: Flávia, você precisa subir na caixa d'água para lavá-la. Como assim? Quem fazia isso era o meu pai. Pois bem, daquele dia até hoje, já se foram tantas caixas d'águas lavadas, fechaduras arrumadas, lâmpadas trocadas.
    Vejo que no final de tudo, foi bom.
    Um grande abraço.

    Flávia
    Brasília-DF

    ResponderExcluir
  2. Flávia, para mim também foi bom, ou melhor, foi ótimo!
    Um abraço, Xyko.

    ResponderExcluir
  3. Às vezes associamos autonomia com liberdade. Autonomia é mais que liberdade, é liberdade com maturidade e possibilidade de desempenhar as escolhas...
    Quantas vezes vemos os mais jovens exigindo "liberdade" mas sem a menor capacidade de desempenho...
    Autonomia tem a ver com cidadania, direitos mas também deveres, responsabilidades...

    Paz,

    ResponderExcluir
  4. Nuss q lindo venancioo,,,

    abraços!!!


    Débora

    ResponderExcluir