sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ENOLOGIA


O que eu vou contar agora a minha mãe autorizou a divulgação.
Há muitos anos atrás, eu era bem criança ainda, meu pai convidou o irmão dele, meu tio Carlos, para comer um peixe assado lá em casa. Acho que convidaram mais um ou dois amigos. Para essa ocasião tida como especial pelo meu pai, ele comprou um vinho branco caríssimo, alemão. E recomendou à minha mãe que o colocasse com antecedência na geladeira, pois o tal vinho teria suas excelentes qualidades realçadas se fosse servido bem gelado.
No dia marcado, todos aguardavam na sala o peixe que minha mãe estava assando. Tomavam um aperitivo e conversavam animadamente. Pondo a mesa, o peixe quase pronto, ao colocar os copos, minha mãe lembrou que não havia posto a garrafa para gelar. E agora? Rapidamente ela correu disfarçadamente até um bar que havia perto de casa e perguntou se tinha vinho branco gelado. O dono do bar disse que sim, mas que era de péssima qualidade. Minha mãe comprou aquele porcaria mesmo, levou para casa, abriu a garrafa do vinho alemão, jogou o conteúdo no ralo da pia, pegou o que estava gelado, colocou na garrafa do vinho bom, e serviu. Eles adoraram. E ainda comentaram: “Isso é que é vinho!”.
No episódio em que Jesus transforma água em vinho durante um casamento, o Mestre de Cerimônias daquela festa comenta ao provar o vinho resultante daquele milagre:
“Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora.” (João 2:9-10)
Li em um comentário que isso ilustra o fato de o mundo nos oferecer coisas boas no começo e que no fim são dadas as coisas ruins. Como exemplo o autor cita o sexo antes do casamento. Pode parecer bom a princípio, mas depois é muito ruim. As coisas que Deus nos oferece, quando usufruídas como Ele determina, são, sempre, de excelente qualidade.
Com tudo isso em mente, pensa comigo. O “cristianismo” como é oferecido em muitas igrejas por aí está mais para um engodo do que para uma boa notícia. É como o vinho que minha mãe ofereceu. Tem toda a aparência de algo excelente, mas não o é! E muitos o engolem e se deliciam, sendo totalmente enganados.
O vinho de péssima qualidade dá ressaca.
PARA REFLETIR:
“Jesus lhes disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmente.” (João 2:7)
Observações: “talhas” eram uma espécie de barris. E note que eles as encheram “totalmente”. Já pensou se eles tivessem tido preguiça e as enchessem pela metade?

Um comentário:

  1. Caríssimo,

    Lembrei-me de uma citação (provavelmente do sociólogo Edgar Morin), que ouvi no Congresso Brasileiro de Bioética, numa palestra que criticava a exploração da tecnociência:

    "...O novo evangelho nos mostra que nós devemos ser irmãos, não porque seremos salvos, mas porque já estamos perdidos..."

    Creio que tem tudo a ver com a sua crônica, pois essa frase tem impacto e acaba nos incomodando pois subverte a verdadeira motivação Evangélica da fraternidade que Jesus pregou, além de ter um pessimismo que chega a ser tóxico...
    É um exemplo da malversação da Palavra e vinho de péssima qualidade!

    Paz,

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