quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CORPO A CORPO


Outro dia vi no chão uma formiga que havia sido pisada não fatalmente. Ela se contorcia toda. Como formiga não sente dor, imagino que seu esforço frenético era para fazer seu corpo, ou o que restava dele, voltar a funcionar. Visto que uma parte dele estava esmagado, sua luta era inútil.
Sempre me causou estranheza isso de um ser vivo ter que continuar dentro do seu corpo quando alguma coisa nele está estragada, ou danificada ou doente. Carro, por exemplo, podemos trocar por outro, corpo não.
Minha convivência com pessoas que possuem ou uma doença ou sequelas de diversos males é diária. Ontem mesmo me entristeceu muito saber que uma das crianças com uma doença crônica, e que por causa disso não pode sair do hospital, teve uma febre muito alta que provocou uma convulsão, a qual lhe tirou o movimento dos dois braços. Essa sequela provavelmente é irreversível. Fui visitar essa criança. Incrível, ela ainda consegue rir!
Fiquei sabendo certa vez de uma jovem que tinha uma doença que a deixou sem se mexer, a não ser o rosto. Cristã firme, mesmo presa definitivamente a um corpo imóvel, corpo que tinha que ficar deitado permanentemente em um leito de hospital, não deixava de servir ao Senhor: escrevia, com a boca, cartas de consolo e evangelização para os outros pacientes.
Ela já morreu, e está no céu de alma e espírito, esperando ter de volta seu corpo, só que transformado e glorificado.
PARA REFLETIR:
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:51-57)

Um comentário:

  1. Interessante que hoje em dia o conceito de corpo tem sido substituído pelo conceito de corporeidade.
    Corporeidade é a forma de utilizarmos o corpo de forma relacional com o mundo, nossa parte transcendental (espírito) anima nossa parte corporal e nos realiza como um todo. Somos um todo indissociável físico, social e espiritual... nós somos nossa corporeidade.
    Isso nos faz reconsiderar a concepção dualista de separação de alma e corpo na morte. Se meu corpo morto não sou mais eu e sim meu corpo morto, meu espírito que "voa" por aí sem meu corpo também não sou mais eu... eu sou tudo isso JUNTO, é inseparável.
    Desse modo para manter essa unidade que nos dá existência a ressurreição deve ser um fenômeno imediato após a morte e isso faz sentido, pois no além não há tempo, portanto passado, presente e futuro são a mesma coisa...
    Creio que ficar "esperando" a ressureição e um "novo" corpo não é coerente com o conceito de unidade constitucional do ser humano. É uma concepção que deve ser superada... e isso tudo sem ser incoerente com as Escrituras.
    O que você acha?

    Paz,

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