quarta-feira, 25 de novembro de 2009
ESPERANDO
No final da tarde lá estava eu esperando a Denise vir me buscar no HC-UNICAMP. Perto de mim estava, também esperando para ir embora, um rapaz que também anda em uma cadeira de rodas, ou como se diz de uma forma politicamente correta, um cadeirante. Bem-humorado, ele virou para mim e observou: “Ainda bem que nós esperamos sentados”. Concordei e sorri para ele. Bem devagar passou pela minha frente uma garota de uns 4 anos de idade, que tinha nas mãos uma revista infantil e um lápis. Ela estava acompanhada por duas senhoras, as quais não reparei muito na hora, pois a menininha, muito simpática, sorriu para mim. Também sorri para ela.
Nesse momento o rapaz da cadeira de rodas se despediu de mim e a minha atenção se voltou novamente para ele. Depois que ele se foi, passados alguns minutos, resolvi dar umas voltinhas por ali. Na calçada em frente ao hospital há uns bancos para o povo se assentar, e quem eu vejo sentadinha em um deles, talvez esperando a hora de poder ir embora? A garotinha.
Ela tinha acabado de desenhar algo e virou para uma das senhoras que a acompanhavam, mostrou a revista e falou: “Mãe, olha o que eu fiz”.
A mãe falou que era muito bonito, começou a acariciar o cabelo da filha e ficou olhando-a pensativa. Aquela jovem senhora não tinha nenhum fio de cabelo nem sobrancelhas. Com certeza sofreu um tratamento quimioterápico.
Não posso afirmar com certeza, mas acho que aquela mãe estava pensando no futuro. Eu pensei. E pensei no futuro daquela criança, do qual talvez a mãe não possa participar.
É estranho e preocupante que vivamos como se nada fosse acontecer conosco.
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” (Tiago 4:13-15)
Acredito que aquela senhora, desde que ouviu o fatídico diagnóstico, aprendeu a valorizar cada momento da vida.
Creio que devemos viver como se estivéssemos apenas esperando a hora de poder ir embora.
PARA REFLETIR:
“Buscai em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” (Mateus 6:33-34)
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Caro amigo,
ResponderExcluirFiz um esforço grande para não comentar sua experiência, que faz todo o sentido para mim... mas não aguentei não comentar a figura do cadeirante esqueleto junto à mesa com os outros esqueletos...
Todos, todos mesmo, até os cadeirantes, aguardam o desfecho final neste mundo... a figura é "politicamente correta"...
Paz,