sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LIBERDADE PARA DIZER NÃO



Uma coisa que há muito me intrigava me veio à mente essa semana e me proporcionou bons momentos de reflexão. É o seguinte: por que Jesus trabalhou, ou investiu, 3 anos na vida de Judas Iscariotes? Jesus dá a liberdade para Judas lhe dizer NÃO!
Jesus nos dá a liberdade para negá-lo, traí-lo, abandoná-lo, por amor. O verdadeiro amor não exige, de quem é amado, o ficar junto por constrangimento. Quem ama corretamente dá, a quem é o alvo do seu amor, a liberdade de ir-se embora, de não querer mais e até mesmo de odiar, ou pior ainda, ser indiferente.
Alguns estudiosos afirmam que Judas Iscariotes começou sua traição a Jesus no momento em que o povo quis fazer do Filho de Deus o seu rei terreno para libertar o povo de Israel do domínio romano e Jesus não consentiu: “Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.” (João 6:15) Parece que Judas nunca se conformou com isso.
Judas teve a chance de acabar como um dos doze. Mas não quis. E olha que Jesus insistiu até o último instante: “Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava; a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere. Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.” (João 13:21-27)
Jesus lhe oferece a comunhão, que o contexto nos revela ser honrosa, numa clara alusão ao fato de Deus se fazer homem (pão) para dar sua vida pelos pecados dos homens (o vinho onde o pão foi molhado).
Mas Judas disse NÃO!
PARA REFLETIR:
“Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?” (Lucas 9:23-25)

2 comentários:

  1. Caro Xyko,

    Apesar do Iscariotes (heb. homem da cidade de de "Sicot", ou talvez uma variante da palavra "sicário") ter sido considerado o "bode expiatório" da humanidade durante mais de dois mil anos, sua imagem tem sido resgatada ultimamente com algum mérito...
    Ele era um tremendo nacionalista, que não suportava ver sua pátria explorada, humilhada e escravizada pelo Império Romano, era da resistência judaica conhecida como Sicários (que andavam com um pequeno punhal chamado "sica" e quando podiam, assassinavam os soldados romanos, como fez Barrabás).
    Judas queria de todo o jeito a libertação... pedia a Deus por isso o tempo todo (Judas quer dizer em hebraico "aquele que louva", ou "aquele que ora").
    Durante três anos alimentou esperanças de ver Jesus um rei temporal, que aniquilaria o opressor. Não aguentou mais esperar e entregou o Mestre para "apressar" as coisas.
    Não conseguiu, como os outros discípulos (a duras penas), abstrair o conceito de Reino de Deus, o que deu chance ao crescimento (também a duras penas) do Cristianismo a partir do judaísmo.
    Traiu Jesus juntamente com todos os outros discípulos e também arrependeu-se mas, talvez pelo radicalismo de seu temperamento, deu a si mesmo a maior de todas as penas...
    Mesmo assim, pelo mistério dos desígnos de Deus, foi um grande colaborador da história da salvação. Certamente Jesus o perdoou já na última ceia, nós é que não nos perdoamos pelas nossas traições a Deus e jogamos pedras em Judas até hoje...
    Sua figura nos ajuda a refletir sobre as consequências de nossas decisões e principalmente, sobre nossa capacidade de nos perdoarmos a nós mesmos, como fez Pedro e os outros...

    Paz,

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  2. Olá Pastor,
    Apesar de Deus nos perdoar quando nos arrependemos de todo o nosso coração e de toda a nossa alma quando falamos, pensamos ou fazemos algo que desagrada a Deus, realmente temos a dificuldade de nos perdoar, de olhar para o que passou e não sentir mais vergonha ou raiva de si mesmo. Engraçado, mas Deus quando perdoa, esquece e nós? Nem sempre conseguimos. É um exercício diário. Concorda?
    Um grande abraço,
    Flávia
    Brasília-DF

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