Outro dia eu compartilhei com a Denise que me sinto definhando. Estou perdendo as forças de uma forma lenta e constante. Bem lentamente. Um amigo comentou comigo que os degraus da casa dele a cada ano que passam ficam mais altos.
É claro que não estou moribundo nem em estado terminal, mas estou ficando mais velho, e isso aponta para o túmulo. Lembro de um filme que assisti no qual um velhinho vai a um funeral mas fica na entrada do cemitério, e alguém pergunta a razão de ele não entrar, ao que ele responde que depois de uma certa idade a cova exerce uma certa atração. É mais ou menos isso. Não é que eu esteja morrendo, mas a idade avançando faz a gente pensar mais amiúde na morte. E fico feliz ao afirmar que estou pronto. Há quem afirme que é impossível alguém estar pronto para morrer. É difícil, isso eu reconheço, mas não impossível.
Existem muitas vantagens adquiridas ao se ficar velho. Uma das melhores eu exemplifico com uma ilustração do futebol: o jogador jovem corre o campo todo atrás da bola, o experiente sabe onde ela vai e espera sossegado.
Mas, por outro lado, é um pouco triste perceber que estou ficando fraco. Quando jovem, eu ia em acampamento de jovens e podia nem dormir. Hoje tenho que dormir, de preferência em casa e na minha cama!
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; (...)“no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas ...” (Eclesiastes 12:1 e 3).
O pai de um amigo meu sempre afirma que não é agradável ficar velho, mas a alternativa que temos é pior. Brincadeira à parte, por um lado isso é verdade, mas para quem tem a esperança, a fé e o amor em Cristo, o dia da morte é o melhor de todos.
Pensando na sua reflexão de hoje, achei esse texto que fala sobre uma vida bem vivida.
ResponderExcluir"Não tenho medo da morte porque sinto que vivi. Amei e fui amado. Fui desafiado em minha vida pessoal e profissional, e consegui, senão um desempenho perfeito, pelo menos qualificável, e, talvez, um pouco mais do que isso. Deixei minha marca nas pessoas e cheguei a um ponto da vida em que não mais preciso me preocupar com esta marca. Sou capaz de olhar para o último ato de minha vida, tenha ela a duração que tiver, com a certeza de que, finalmente, aprendi quem sou e como devo conduzir a vida. Ando sem medo pelo vale das sombras; não apenas porque Deus está comigo, mas porque Ele me trouxe até aqui. Não há jeito de evitar a morte, mas a única cura para o medo da morte é o sentimento de ter vivido".
KUSHNER, Harold. Quando tudo não é o bastante. São Paulo: Nobel, 1997.
Envelhecer é a última chance que a Natureza nos dá de sermos nós mesmos, de terminarmos de nascer...
ResponderExcluirPaz,