A propaganda no início era usada para anunciar que o produto existia. Depois passou a ser para afirmar que determinado produto era melhor do que os dos concorrentes. E por fim, hoje é usada para convencer o consumidor de que ele precisa do produto. Mesmo que na realidade não precise.
Em outras palavras, cria-se uma necessidade na mente das pessoas.
Você precisa de tal sabão, desse carro e dessa roupa. Só assim você será feliz. Será?
Podemos fazer isso com as pessoas.
Já vi pessoas dizendo para um namorado (ou namorada) que lhe deu um fora, que essa que vai embora não vai ser feliz fora do relacionamento entre eles.
Pessoas que saem de uma firma para trabalhar em outra, não raras vezes ouvem que esses que “traíram” a firma abandonada vão se arrepender amargamente.
Pessoas que saem de uma Igreja para irem para outra também escutam algo semelhante.
Você precisa de mim, dessa firma ou dessa Igreja. Só assim você será feliz. Será?
“Então, ele (o Senhor) me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12:9)
Caro Xyko,
ResponderExcluirFica claro que é de fundamental importância saber diferenciar desejo de necessidade: necessidade tem a ver com um objeto específico e precisa ser saciada apenas por ele (fome, necessidade de dormir, frio, etc), desejo é o impulso constante característico do ser humano, uma inquietação que o motiva a viver e o faz evoluir, não tem objeto específico...
É mais ou menos assim: quem está realmente com fome não escolhe o que comer, quem quer comer determinada sobremesa após a refeição, satifaz um desejo. Vestir um agasalho no frio é necessidade, a "grife" do agasalho é desejo... dormir 8 hs por dia é necessidade, dormir até o meio dia no domingo (depois da balada do sábado) é desejo...
Os mestres da propaganda (do lat. divulgar) sabem como ninguém confundir desejo com necessidade. Há quem diga que consumismo é "comprar aquilo que não se precisa com o dinheiro que não se tem..."
Consumismo, numa análise mais profunda, é a substituição do desejo de "ser" (aquilo que acontece nas relações) pelo desejo de "ter" (aquilo que acontece na posse). Há quem diga também que "o desejo é uma chama inestinguível que aumenta conforme a gente a alimenta". A sensação de "realização" (pseudo felicidade) que vem do tomar posse de algo, desaparece rapidamente e precisa ser realimentada pela posse de um novo objeto. O ápice dessa ideologia é confundir consumo com felicidade ("...o que faz você feliz?", aquela propaganda de uma rede de supermercados).
Penso que a verdadeira felicidade seja equilibrar necessidade e desejo, o que resulta em sobriedade e austeridade.
Paz,
PS - reclame vem do lat. re (de novo) e clamare (anunciar, falar em voz alta). É o que os comerciantes fazem para apresentar seus produtos nas feiras e mercados abertos...
Não sei se já escrevi isto aqui, mas dizem que Sócrates andava pelo mercado de Atenas e quando era assediado pelos vendedores dizia: "Não quero nada, estou apenas olhando quanta coisa eu NÃO preciso para ser feliz..."