terça-feira, 31 de agosto de 2010

PEDRO

Todo serviço de pedreiro e eletricista que precisa-se ser feito em casa, nós o chamávamos para que ele o fizesse. Seu nome era Pedro. Ele chegava cedo com suas ferramentas bem gastas, com uma garrafa térmica de 1,5 litro de café, o qual era tomado até a hora do almoço. Não fumava. Só bebia uma pinguinha antes do almoço e outra antes do jantar. E isso era sua única diversão, mas assim mesmo vivia alegre.
Era muito experiente nas coisas que diziam respeito ao seu ofício. Certa vez, quando estava trabalhando como pedreiro na construção de uma casa, o Pedro sugeriu ao proprietário da mesma que instalasse uma tomada de energia elétrica em um canto da sala. Alegando que isso não estava no projeto do arquiteto, o dono da casa falou para não fazer. O Pedro insistiu dizendo que depois, se ele quisesse a tomada ali, teria que quebrar a parede e pintar tudo de novo. O homem continuou dizendo não, e ainda disse que se tivesse que chamá-lo, pagaria o dia de trabalho em dobro, e foi embora. E o que é que o Pedro fez? Instalou a tomada, cobriu a abertura com uma cartolina, passou a massa corrida e pintou tudo. Alguns poucos meses depois, o dono da casa o procurou, falou que a mulher insistia que precisava de uma tomada ali, e quanto custaria fazê-la. O pedreiro calculou o preço e deu-o ao dono da casa dizendo que cobraria o dobro. Aceito isso, o meu amigo Pedro tirou o canivete do bolso, localizou a tomada, cortou a cartolina e recebeu o dinheiro em dobro.
Agora olha como é a vida: o Pedro construiu a casa de muitos e morreu pagando aluguel. É que ele teve que pagar um enorme prejuízo dado pelo genro.
O Pedro passou os últimos dias da sua vida lá no hospital, onde pude lhe fazer companhia. A filha, cujo marido tantas tristezas tinha causado ao pai dela, não queria acompanhá-lo nos seus últimos dias. Por muita insistência minha (pois era o que o pai queria), ela foi.
PARA REFLETIR:
“Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento. Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade. Então, me empenhei por que o coração se desesperasse de todo trabalho com que me afadigara debaixo do sol. Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, ciência e destreza; contudo, deixará o seu ganho como porção a quem por ele não se esforçou; também isto é vaidade e grande mal. Pois que tem o homem de todo o seu trabalho e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?” (Eclesiastes 2:17-22)

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