quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O DIA EM QUE O GRANDÃO FICOU IGUAL AO MEIOFORTE



O campo era de terra batida. Todo sábado à tarde e domingo pela manhã um time de futebol de adultos disputava ali suas partidas do campeonato de várzea da cidade. Havia ali uma edícula, feita de madeira, onde na frente funcionava um boteco e nos fundos duas salas serviam de vestiário. Nos outros horários quem usava o espaço era a molecada do bairro.
Certo dia esses meninos resolveram fundar um time de futebol. Quem vendeu a idéia foi o Gordo, que falou com o Grandão. Grandão era o mais forte da turma, o que melhor jogava futebol e o de família mais pobre, e o Gordo era o oposto. Na conversa entre os dois, o Gordo disse que seu pai estava disposto a dar o jogo de camisas, com uma única condição: que o Alfredo (esse era o nome do Gordo) fosse o lateral direito do time. Como o Grandão era o líder natural da turma, ele conversou com os meninos e eles toparam.
Então eles se reuniram na cobertura debaixo da qual aos fins-de-semana eram servidas as cervejas e as pingas. Aquela reunião era para decidirem o nome da nova agremiação futebolística. Grandão tomou a palavra e declarou:
- Eu proponho o nome de Liberdade Futebol Clube. Todos concordam?
- Eu não concordo, e quero propor outro nome.
Quem falou isso foi o Meioforte, o garoto que tentava disputar a liderança do grupo. Isso aumentou mais o ódio que o Grandão tinha por ele.
- E que nome você propõe? Falou o Grandão entre dentes.
- Sofia Futebol Clube.
Quando ele falou isso ficou ali um silêncio que só era cortado por um Bem-te-vi que estava pousado em uma árvore ali perto. É que Sofia era o nome da ex-namorada do Grandão e que agora namorava o Meioforte.
- E digo mais, falou ele, não só proponho esse outro nome como quero deixar bem claro que a maioria de vocês é mais fraca do que eu e se não votarem na minha proposta eu bato em cada um de vocês.
O Grandão, na hora, pulou e gritou:
- Espera aí. Você não pode fazer isso.
- Por que não?
- Porque cada um tem o direito de pensar do jeito que quiser.
- Eu não concordo.
- Então você vai ver.
Em seguida o Grandão derrubou o Meioforte no chão e começou a bater nele. Enquanto batia ele gritava: “Isso é para você aprender a respeitar a opinião dos outros”.
PARA REFLETIR:
“Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.” (Romanos 12:1-2 NTLH)

Um comentário:

  1. Caro Xyko,

    Você citou um dos principais paradoxos da democracia: o respeito à opinião do outro na democracia perfeita vai até que a opinião do outro não queira acabar com a própria democracia... portanto não há democracia absoluta.

    Paz,

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