quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PORTO NÃO TÃO SEGURO


Muitas escolas, ou alunos formandos, nessa época do ano realizam uma viajem para Porto Seguro como comemoração de formatura. A impressão que eu tenho é que essa cidade ao sul da Bahia se especializou nesse tipo de turismo. Todos nós sabemos o que pode acontecer ali: bebedeiras, sexo e drogas. Por essa razão muitos pais ficam desesperados por não saberem se deixam ir ou não. Já outros até incentivam os filhos a irem e se “divertirem em tudo o que têm direito”. E, pode parecer incrível, mas muitos desses jovens estão torcendo para que os pais digam NÃO!
Se os pais deixam ir sabem os riscos envolvidos, e se não o deixam, pode soar como falta de confiança e possessão emocional indevida.
Conversar e orientar ajuda? Outro dia, numa aula que eu estava dando na classe da Escola Bíblica Dominical da minha Igreja estávamos conversando sobre o caráter de Deus. Falávamos de Balaão que foi até a presença do rei Balaque para amaldiçoar o povo de Israel, mesmo sabendo que não era da vontade de Deus. Bem, pelo menos é assim que acredito, mas há pessoas que pensam que Deus nunca permitiria fazermos algo contra Sua Soberana vontade só para aprendermos “quebrando a cara”. Explicando melhor esse outro ponto de vista, eu perguntei às pessoas que assistiam a aula se algum pai ou mãe deixaria o filho pequeno (que não pára de perguntar se pode) enfiar uma tesoura na tomada de energia elétrica, só para aprender que é perigoso. Nesse ponto uma pessoa comentou com bom humor: “Eles vão enfiar a tesoura de qualquer jeito”.
Mas e daí? Deve-se deixar ou não?
Note-se que a permissividade irrestrita preconizada por uma psicologia errada, nada mais é do que abandono. E o tolhimento total atrofia o desenvolvimento saudável do jovem. O meio-termo ideal é a liberdade com limites bem especificados. Isso traz segurança no amadurecer.
Isso aconteceu na França. Em uma determinada escola, cujo prédio ficava no centro de um terreno gramado, no período de férias, a direção da mesma resolveu tirar as telas que serviam como proteção em volta. Quando as crianças voltaram às aulas, para surpresa de todos, ou não saiam do prédio ou brincavam o mais próximo possível do mesmo. Colocadas as telas de volta, elas voltaram a brincar por todo o gramado. Os limites trazem segurança.
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6) A palavra “desviará” é melhor traduzida por “esquecerá”.
PARA REFLETIR:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” (1 Coríntios 6:12)
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Coríntios 10:23)

3 comentários:

  1. É, parece que os pais de hoje estão perdidos...com medo de repetirem com os filhos a educação repressora que muitos deles tiveram,acabam permitindo tudo aos filhos, caindo assim no outro extremo.Concordo plenamente que as crianças, adolescentes e até os jovens precisam de limites. Os pais de hoje temem ser muito rigorosos e perder com isso o amor dos filhos. Por isso deixam tudo e dão tudo que os filhos pedem. Mas não veem que quando agem assim os filhos se sentem negligenciados, afinal, "meus pais não ligam pra saber onde estou ou com quem estou, eles pouco se importam com o que eu faço". O que tenho observado no contato com adolescentes é que os pais estão muito mais perdidos, inseguros e confusos do que os filhos.em geral, são eles que precisam de ajuda para educar os filhos com firmeza, mas, parafraseando Che Guevara, sem perder a ternura!Abraços

    ResponderExcluir
  2. Belíssima reflexão e comentário perfeito da Heloísa...
    Nós pais desta geraçao de adolescentes somos muito, mas realmente muito cobrados para uma atitude de respeito absoluto à liberdade dos nossos filhos, mas ainda muito pouco se decidiu sobre quais valores devemos mostrar para eles (a tal da pós-modernidade). Essa mentalidade de que "eles depois decidem o que eles acham melhor para eles", assumida por muitos pais é por demais perigosa e irresponsável.
    Hoje em dia tem muita gente DISPUTANDO A CABEÇA DOS NOSSOS FILHOS, e nosso dever é dar-lhes referências de valor para enfrentar com autonomia esse mundo de hoje...
    A tal viagem para Porto Seguro talvez seja muito mais um desafio para os pais do que para os filhos...

    Paz,

    PS - Meu filho Lucas (17 anos) está lá em Porto Seguro neste exato momento com a turma da escola e só volta domingo que vem... estou sentindo tudo isso na própria pele. É um grande "teste" para a educação que estamos dando para nossos filhos...

    ResponderExcluir
  3. Venancio, de fato, precisamos ficar atentos pois há muita gente querendo fazer a cabeça dos nossos filhos. O que me preocupa é: em meio a tantas vozes, será que os adolescentes estarão aptos a fazer as escolhas certas? No mundo de hoje,os valores são relativos, 'certo'e 'errado'dependem das circunstâncias e os proprios pais,muitas vezes, não sabem distinguir entre um e outro,Não é fácil ser pai (e mãe) atualmente, mas tb não é fácil ser adolescente...Sobre a famosa viagem a Porto Seguro, não fomos tão corajosos... tivemos uma conversa com nossas filhas explicando nossos receios e preocupações com a viagem,e elas concordaram em não ir ( o que nos deixou aliviados!). Oro para que seu filho seja aprovado no teste com louvor!

    ResponderExcluir