“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3:17-18)
Veja por exemplo quando alguém morre. Todos à volta das pessoas que sofreram a perda se esforçam para que as mesmas não sofram. Como se isso fosse possível! Um viúvo, ou viúva, tem o direito de, a sós, andar pela casa, que agora parece tão vazia, chorando ao experimentar pela primeira vez a ausência do que se foi. Tocar os objetos do amado que morreu, as roupas, livros, a rotina que não vai se repetir mais, deixar vir à tona lembranças, tudo isso dói, e muito. Mas são momentos preciosos, pois nos ajudam a aceitar melhor a nova condição. Não podemos desconsiderar que os “rituais” do luto são terapêuticos.
Quanto aos que querem levar o consolo para quem está passando por essa aflição, basta lembrar que podemos enxugar as lágrimas sem tentar estancá-las, deixando que elas se esgotem naturalmente, no tempo certo, de acordo com a necessidade de cada um. As lágrimas fazem a higienização da tristeza. Não precisamos (e nem temos capacidade) de ter todas as explicações e antídotos para o sofrimento.
Uma jovem senhora, a qual acompanhei na doença e morte do marido, me disse que iria se mudar de casa assim que ele partisse. Na realidade ela já planejara nem entrar mais naquela residência tão cheia de recordações; ela iria para a casa da mãe e o irmão se encarregaria de arrumar outra casa e faria a mudança. Afirmei-lhe que as recordações, por mais doloridas que sejam, são um tesouro de inestimável valor que precisam ser preservados. Uma pessoa “não morre” quando o corpo morre, ela pode continuar viva em nossas mentes e corações. Aquela jovem concordou comigo, mora até hoje onde morou com o marido, sente saudades, é feliz e estruturada.
PARA REFLETIR:
“Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus.” (Ezequiel 18:32)
Concordo totalmente com o que vc escreveu. Não há nenhuma promessa na Biblia de que não passaremos por sofrimento. Ao contrário,Jesus disse que passaríamos por aflições. O sofrimento faz parte da vida, mas preferimos os ambientes alegres porque não sabemos lidar com a dor. Nas situações de luto, procuramos dizer palavras de consolo e muitas vezes insistimos para que a pessoa pare de chorar, dizendo que ela "deve se alegrar no Senhor", ou que "foi melhor assim, agora ele está com o Senhor". Diante de uma situação de luto, tenho aprendido que a melhor coisa a fazer é estar presente, sem dizer nada, como os amigos de Jó fizeram diante do seu sofrimento. Rubem Alves conta de um gesto de consolo que deixou-o comovido. Ele morava com a familia no exterior quando recebeu a noticia de que o pai de sua esposa havia morrido. Ao abrirem a porta de casa, no dia seguinte, encontraram um ramalhete de flores e um bilhete com os dizeres: "Não quis perturbar a dor de vocês..." Só isso. Diante da dor,as palavras perdem o sentido...
ResponderExcluirGrande abraço
Como pode um crente verdadeiro apresentar um semblante descaído?? Compare o funeral de um evangélico com o de um não evangélico, no funeral do pagão só tem desespero que nem aquelas rezas que ficam repetindo resolvem. No funeral do crente existe esperança.
ResponderExcluirAbraço, Ezequiel da Silva.
Que bela colocação da Heloisa! Quem sofre, principalmente a dor da perda, merece de nós o respeito.
ResponderExcluirRespeitar o tempo, a duração e a intensidade. Duro é quem sublima o luto, por questões religiosas (se eu creio, não posso dar demonstrações de dor, senão, vão me acusar de falta de fé).
Mesmo crendo, depositando nossa confiança na palavra de Jesus, somos humanos e sentimos dor. Basta ver Jo 11, Jesus se emociona e chora por Lázaro. Uma atitude tão humana!!
E é justamente o que não podemos deixar de ser: humanos.
Beijos
Célia
Caro Xyko,
ResponderExcluirO sentimento de luto , tristeza pela perda é diretamente proporcional ao apego que temos. Quanto mais nos apegamos a um objeto, maior nossa tristeza se o perdemos, quando é uma pessoa querida então...
Nosso sentimento humano nos empurra ao apego, mas eu me lembro da passagem do jovem rico (apego material) e do discípulo que queria enterrar o pai (apego afetivo)...
Somos chamados a superar nossa condição de criaturas, a dar sentido ao aparente caos da natureza humana, esse é o desafio proposto por Jesus (como a própria Célia lembrou, mesmo Jesus chorou).
Não é fácil, velórios são sempre tristes...
Muita Paz,