sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

FORMATURA

Não faz muito tempo um amigo veio compartilhar comigo a decisão que ele havia tomado de mudar a filha dele de escola. A menina não queria se separar das amigas, mas o pai foi inflexível. A razão para isso foi uma só: a escola em que ela estudava ensinava visando o crescimento da cultura dos alunos, enquanto que a escola para a qual ela foi, prepara para o vestibular. Meio titubeante, questionei essa decisão. Esse meu amigo foi taxativo: “Eu quero que ela se forme em uma faculdade, e ponto final”.
Passar no vestibular não significa que o aluno aprendeu o que deveria ter aprendido. É como uma pessoa pensar que já sabe dirigir um automóvel só porque tirou a Carteira de Motorista. Mas passar no vestibular é o primeiro passo para se formar na faculdade. Inclusive a palavra vestibular significa “relativo ao vestíbulo, que é o espaço de entrada de um edifício”.
Outra coisa: esse negócio de vestibular é cruel. Além da tensão de “ter” que passar nesses exames, o jovem de 17 ou 18 anos de idade (quase que escrevo criança em vez de jovem!) tem que decidir o que vai ser sua profissão para toda a vida! E com todos em volta, inclusive os pais, torcendo. Seja aplaudindo ou vaiando.
Agora, pensa comigo: o que quer dizer a palavra “formatura”? Quer dizer que o aluno adquiriu a forma que a escola ou faculdade querem que o aluno tenha. Desprezam a forma do aluno e lhe imprimem a forma que desejam. Isso é positivo? Penso que não. E o pior é que todos nós comemoramos!
O pai do meu barbeiro, que também tinha essa profissão, obrigou os 4 filhos a aprenderem o que eles chamam de “arte capilar”. Nenhum deles queria, mas o pai ficou firme no propósito de deixar aos moços um ofício. Todos exerceram essa profissão, assim como alguns dos seus filhos.
Em outras sociedades e outros tempos, já está ou estava estabelecido que o filho seguirá ou seguiria a carreira do pai.
“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13:55)
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Marcos 6:3)
Isso já pré-estabelecido não traz toda aquela angústia aos jovens.
Qual o melhor sistema? Estou pensando ainda.
PARA REFLETIR:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2)

3 comentários:

  1. Xyko, infelizmente a maioria dos pais está mais preocupada em preparar os filhos para "passar no vestibular" do que em adquirir cultura e aprender a pensar. As escolas, cada vez mais voltadas para o vestibular, competem entre si para ver quem transmite a maior quantidade de informações aos alunos. Poucas escolas usam livros como material de ensino. O que mais se vê nas escolas hoje são as famosas "apostilas", que trazem tudo bem mastigado e explicadinho. É a padronização do ensino... pra que ler o livro todo se a apostila traz o resumo pronto? Com isso, perdeu-se o gosto pela leitura e os alunos desaprenderam a escrever... No mundo de hoje, em que tudo é "fast", ler ficou fora de moda, pois requer tempo. Pensar então é ainda mais complicado, já que exige esforço de raciocínio e tempo para refletir. Mas é o ato de pensar que nos permite sair do lugar-comum e romper os padrões impostos pela sociedade. Só é livre quem pensa.

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  2. Eu sou católico, mas aprecio deveras os comentários do Pastor Ronaldo. Ele anda "sumido", não é mesmo?
    Francisco dos Santos.

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  3. Caro Xyko,

    Há algum tempo atrás as pessoas eram pais e mães simplesmente sendo elas mesmas. Vivendo aquilo que acreditavam já criavam e educavam seus filhos...
    Hoje em dia, ser pai e mãe passou a ser uma "performance". Nosso desempenho nessa função passou a ser cada vez mais cobrado pela sociedade (e por nós mesmos) e sermos bons só já não basta, temos que ser excelentes como pais...
    Imagine se meu filho não passar no vestibular... é sinal que eu não cumpri bem meu papel de pai e não só ele fracassou, mas principalmente eu (e todo meu narcisismo junto).
    Superar essa ideologia competitiva e cruel é um grande desafio que pode ter boas consequências sobre a cabeça de nossos filhos. Eles podem deixar de ser simples "objetos" de nossa "realização pessoal egoísta" e podem ser eles mesmos de vez em quando.


    Paz,

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