sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

PASSANDO PERFUME ENQUANTO CHUPA BALA

Gosto muito dessa música dos Titãs (composição de Arnaldo Antunes) chamada “Não Vou Me Adaptar”:
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia/Eu não encho mais a casa de alegria/Os anos se passaram enquanto eu dormia/E quem eu queria bem me esquecia.../Será que eu falei o que ninguém ouvia?/Será que eu escutei o que ninguém dizia?/Eu não vou me adaptar .../Eu não tenho mais a cara que eu tinha/No espelho essa cara não é minha/Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho a minha barba estava desse tamanho.../Será que eu falei o que ninguém ouvia?/Será que eu escutei o que ninguém dizia?/Eu não vou me adaptar ...”.
A letra dessa música retrata magistralmente o que sente um adolescente. Pelo menos eu me sentia assim. Fase dificílima para pais e educadores dessas criaturas maravilhosas e assustadoras. De uma hora para outra os pais percebem que já não é mais possível nem saudável manter o controle total sobre a vida dos filhos. Deixar que eles “andem com as próprias pernas” é um exercício tremendo (em todos os sentidos) de fé e confiança.
Só nos resta a obrigação de estabelecer os limites. E quanto a isso não podemos ser omissos pois, além de ser nossa obrigação, é o que esperam de nós, consciente ou inconscientemente, nossos adolescentes.
Do meu ponto de vista, mais preocupante que os namoricos e etc e tal, é o questionamento que o jovem adolescente faz sistematicamente da autoridade e sabedoria dos mais velhos. Isso é mais acentuado e grave na pós-modernidade.
Com uma pré-disposição à desobediência, eles colocam em cheque ordens, valores, experiência dos mais velhos e até crenças!
Mas por que não? Se todo mundo faz por que eu não posso fazer? Mas por que não? Isso era no seu tempo! Mas por que não? O meu caso é diferente! Mas por que não? Você não confia em mim?! Mas por que não???
E a pior de todas: ISSO NÃO TEM NADA A VER! Toda vez que a Cíntia, minha filha, falava isso, aí é que eu me preocupava e ficava de olho. Se você prestar bem a atenção, esse é um argumento de quem não tem mais argumentos e quer encerrar o assunto o mais rápido possível.
PARA REFLETIR:
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6 RA)
OBSERVAÇÃO: Em lugar de “não se desviará dele” melhor seria traduzir por “não se esquecerá dele”.

6 comentários:

  1. Pastor Xiko, o senhor acha correto citar um conjunto mundano no seu blog? Eu pessoalmente acho que o senhor não podia fazer isso.
    Ezequiel da Silva.

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  2. Prezado Ezequiel, não vejo problema na citação referida.

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  3. É, a adolescência é uma espécie de campo de provas para os pais, pois é nessa fase que eles começam a colher o que plantaram durante a infãncia dos filhos. Se os pais não estabeleceram limites enquanto os filhos eram pequenos, certamente enfrentarão muitas dificuldades. Mais do que ouvir o que os pais dizem, os adolescentes estão atentos às atitudes dos pais, observando se há coerência entre o que falam e o que fazem. Deste modo, pais que criticam a igreja não têm autoridade para impedir que os filhos deixem de ir à igreja.
    Quanto ao comentário do Ezequiel,gostaria que ele refletisse um pouco sobre o significado da palavra "mundano". Alguns fazem uma separação entre "mundano"(ou profano) e sagrado, considerando algumas coisas mundanas e outras sagradas.Mas essa separação não existe. No Velho Testamento,um rei pagão é chamado de "ungido do Senhor" (Ciro),embora não o conheça (veja Isaias 45.1-4), e usado por Deus para libertar o seu povo do cativeiro.

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  4. Boa observação, Heloisa.
    Quanto à separação de profano e sagrado, não podemos nos esquecer que foi neste mundo que o Cristo, o Messias de Deus, resolveu nascer. Bela narrativa a de Lucas, quando faz um paralelo entre a anunciação e o nascimento de João Batista e de Jesus. Enquanto que o nascimento de João Batista foi anunciado no Templo de Jerusalém, o anjo anuncia à Maria numa pequena cidade de Nazaré, na simplicidade de uma casa. Deus, em sua infinita e eterna bondade, resolve armar a sua tenda entre nós.
    E é neste mundo que nossos filhos crescem, daí como você mesmo disse é nosso testemunho que servirá de parâmetro para eles.
    Um grande abraço

    Célia

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  5. Caríssimo,

    Interessante que essa música serve muito bem para os adolescentes (e eu tenho dois em casa), mas quando eu a ouço (e gosto bastante dela também) eu me identifico muito com o que ela diz (acho que eu estou naquela fase conhecida como "envelhescência").
    Do alto dos meus 50 anos, frequentemente me vejo repensando meus referenciais por causa do questionamento dos meus filhos. Quando a gente vai ficando velho e se acomodando com nosso modo de pensar que, mal ou bem, vinha dando certo em nossa vida, vem esses pestinhas e nos lembram que o "mundo" em que vivemos (e não tem como negar que vivemos nele) está evoluindo e mudando, tanto para melhor, quanto para pior.
    A filosofia propõe um modelo de entendimento de mundo chamado dialética, onde uma idéia estabelecida (chamada "tese"), vai sendo sempre confrontada como uma idéia nova e diferente ("antítese") até que uma nova idéia surja ("síntese"). Com o tempo, essa síntese vai predominar e se tornar uma tese e será confrontada novamente com uma nova antítese e assim por diante... e assim caminha a humanidade.
    Acredito que a pós-modernidade em que vivemos apenas acelerou esse processo dialético e isso aumenta mesmo, e muito, a tensão. Ainda estamos lutando para estabelecer nossas idéias e os outros já estão questionando...
    É claro que existem valores inegociáveis, e isso nós devemos "viver", pois essa coerência é que vai educar de verdade nossos filhos, como a Heloisa apontou muito bem.
    Peço para o Espírito Santo todos os dias para eu ter o discernimento necessário para ser tolerante e flexível com aquilo que se deve ser. Cada dia mais nos agarramos aos nossos valores por medo, teimosia e intransigência... é o outro lado da moeda (aí acontece o verdadeiro conflito de gerações).
    Peço para Deus também para eu ver realmente a minha cara no espelho todos os dias...


    Muita Paz,

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  6. Adorei o texto, e agradeço muito a educação que me deu, se hoje faço alguma coisa errado é pq não te escutei, pq NÃO TEM NADA A VER, realmente qdo eu falava isso é pq tinha tudo a ver.Ciça.

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